Você já ouviu falar do CBGB?
Quem viveu as décadas de 70, 80 e 90 certamente já ouviu falar do CBGB. Bem, talvez tenha alguém que não saiba exatamente o que é, mas provavelmente já viu alguém com uma camiseta ou alguma foto desse histórico lugar de Nova York. Nós estivemos lá para conhecer e vamos descrever a nossa sensação de estar em um lugar com tanta história.
Fachada do CBGB nos anos 70. Foto: www.cbgb.com
Antes de descrever a nossa visita, vou contar um pouco da história do bar/pub – CBGB. O bar nasceu na rua Bowery, sul da ilha de Manhattan em Nova York, no ano de 1973 com o objetivo de ser palco de diversas bandas que estavam iniciando na cidade.
Para se ter uma ideia da importância do bar na história da cidade de da música mundial, ainda na década de 70, bandas como Ramones, Blondie, Talking Heads e Misfits iniciaram suas carreiras no CBGB, tocando para poucas pessoas dentro do apertado espaço do bar. E com o passar dos anos, cada vez mais bandas da região e do país se programavam para tocar no bar, que reunia bandas e interessados em Rock e Punk Rock.
Já na década de 90, ainda que com o sucesso das bandas dos anos 70, o CBGB continuou abrigando bandas da nova geração, sendo palco de bandas como Korn, Pearl Jam, Green Day e Guns N’ Roses, que até então eram totalmente desconhecidas. Ou seja, não é preciso reforçar que esse local possui uma marca histórica na cidade de Nova York e na vida de muitos fãs de música, não é? Mundialmente o CBGB é conhecido como o berço do Rock N’ Roll.
Em 2006 o bar fechou suas portas e em 2012 voltou à cena musical nova iorquina lançando o CBGB Festival, que até hoje movimenta o cenário de Rock e Punk Rock dos Estados Unidos. No entanto, o endereço continuava a receber fãs e turistas do mundo todo, que desejavam conhecer o bar de perto.
No ano passado, nós do Viagens Incríveis, estivemos em Nova York e um dos principais pontos turísticos a se visitar na cidade era o CBGB. Claro, sabíamos que o bar não existia mais, mas tínhamos curiosidade em saber como está e o que virou do bar.
Para chegar até o bar, tínhamos somente o endereço do bar (315 Bowery).
Checamos, através do Google, exatamente onde ficava o bar e partimos da Brooklin Bridge a pé até chegarmos no histórico endereço.
A primeira impressão ao chegarmos à 315 Bowery foi a de ainda não havíamos chegado no local correto, olhamos novamente o endereço para confirmar e estávamos certos. A primeira decepção veio logo no começo, o velho e surrado toldo com as iniciais “CBGB” não existia mais, dando espaço para uma fachada moderna e totalmente diferente da que costumava ver em centenas de fotos.
Fachada atual do CBGB. Foto: Marcel Bruzadin
Mesmo assim decidi entrar para ver o que havia dentro do antigo bar.
Para a minha surpresa (e segunda decepção) não havia nenhum bar dentro do estabelecimento, e sim, um loja de roupas com alguns itens que remetiam à história do local. Confesso que haviam muitos produtos interessantes, como guitarras antigas, centenas de fotos, posteres, jaquetas de couro (símbolo do Rock n’ Roll), coturnos, entre outros. Sem dúvida eram artefatos muito interessantes!
Uma das paredes do CBGB com pôster do Ramones em destaque. Foto: Marcel Bruzadin
Guitarra em exposição no antigo CBGB. Foto: Marcel Bruzadin
Setlist original exposto nas paredes do antigo CBGB. Foto: Marcel Bruzadin
No entanto, o que mais me chamou atenção naquele momento, é que a loja estava completamente vazia, sem turistas ou fãs empolgados com tudo que o lugar representava. Fiquei com minha câmera fotográfica na mão e comecei a registrar algumas fotos, mas sempre com o olhar dos funcionários me “censurando”, sendo essa a minha 3ª decepção do dia.
Cadeiras decorativas no antigo CBGB. Foto: Marcel Bruzadin
Não me importei e continuei andando pela loja e tirando fotos das paredes, que pareciam intactas, com centenas ou milhares de adesivos de bandas! Aquilo era incrível!
Parede decorada com centenas ou milhares de adesivos. Foto: Marcel Bruzadin
Logo me interessei em olhar os produtos, quem sabe não compraria uma camiseta “CBGB” ou qualquer outro item como souvenir. Foi aí a minha 4ª e última decepção da visita! Praticamente todos os itens vendidos na loja “John Varvatos” não custariam menos de USD 200/cada. Achei estranho mas continuei procurando, afinal, na minha cabeça muitas pessoas deviam comprar souvenirs na loja.
Enfim descobri que não, a tal “John Varvatos” é uma loja de luxo que vende artigos caríssimos, que certamente não são o público que o local recebia cerca de 30 ou 40 anos atrás. Camisas básicas por USD 300, jaquetas de couro por USD 2.000, tudo completamente diferente do que eu esperava encontrar e absolutamente o oposto do que aquele grupo que fundou o CBGB em 1973 pretendia.
Coturno à venda na loja “John Varvatos”. Foto: Marcel Bruzadin
Palco do antigo CBGB com exposição de itens de moda. Foto: Marcel Bruzadin
Item dos Beatles à venda na John Varvatos. Foto: Marcel Bruzadin
Após cerca de 15 minutos dentro da loja, saí completamente empolgado em saber que estava diante de algo tão importante para a história da música mundial mas um pouco frustrado pelo o que o lugar havia se tornado. Sinceramente, esperava que o antigo “CBGB” virasse um museu e que fosse recebido por centenas de fãs que pudessem sentir um pouco de tudo que o pequeno ambiente representou em tantos anos de história.
De qualquer maneira acredito que vale sim a visita! Algumas fotos, posteres, guitarras e principalmente as paredes são algo que transmitem um pouco do lugar, ainda que misturado entre centenas de artigos de luxo, que nada representam o local.
Como dissemos no começo, a partir de 2012, embora o antigo CBGB não existisse, foi retomado o CBGB Festival, sendo o maior festival de música da cidade de Nova York, com apresentações grátis de dezenas de bandas na Times Square e no Central Park, dois importantes pontos turísticos da cidade.
Cartaz do CBGB Festival de Nova York. Foto: Marcel Bruzadin